Janio Soares - Ascom da Polícia Penal
A Polícia Penal do Estado de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Ensino, Cultura e Pesquisa, realizou a formatura da primeira turma de Policiais Penais femininas do Treinamento Específico de Escolta e Custódia de Presos em Movimentações Externas. As 11 concluintes atuarão na Base de Escolta de São Paulo.
Com carga horária de 235 horas, o treinamento foi composto por disciplinas básicas e específicas, como: Direitos Humanos e Ética, Pronto-Socorrismo, Ordem Unida e Algemação, Armamento e Tiro, com uso de pistola, escopeta e fuzil, Técnicas de Condução Operacional e Prática do Serviço de Escolta.
As exigências do treinamento foram as mesmas de curso equivalente oferecido aos policiais masculinos.
Na abertura da cerimônia, realizada no dia 4 de abril, houve a exibição de vídeo que registrou a participação das formandas em cada etapa do treinamento.
As formandas receberam o certificado de conclusão do treinamento das mãos das autoridades presentes e, a pedido do Coronel Marcello Streifinger, Secretário da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), que presidia a cerimônia, elas fizeram a divulgação da placa que registra a novidade dessa primeira turma, com a relação dos nomes dos docentes e alunas do treinamento. Elas ainda receberam o brasão e o patch da Polícia Penal.
Na sequência, as formandas, em ordem unida, fizeram o brado: “Escolta feminina, Polícia Penal! Abrindo caminhos aqui na capital! Somos valentes, não vamos desistir! A vitória é nossa, vamos prosseguir! Profissão honrada, muito orgulho e disciplina! Chegamos para somar aqui, a escolta feminina! Polícia Penal, escolta!”
Abrindo caminhos
A oradora da turma, Luciana Rodrigues Tostes, declarou que as formandas chegaram ao treinamento com garra e determinação: “estamos aqui para agregar, somos 11 guerreiras corajosas que aceitamos o desafio de fazer parte dessa corporação, com o apoio de excelentes docentes que se dedicaram a nos promover em Polícia Penal de escolta feminina”. Tostes afirmou que o treinamento exigiu adaptação, convivência, disciplina e muito suor.
“Travamos batalhas internas e externas, que não foram fáceis diante de tanta complexidade, ultrapassamos o nosso próprio limite e isso contribuiu para o nosso fortalecimento. Dedicação e resiliência nos trouxeram até aqui”, enfatizou Luciana, que finalizou parafraseando a escritora Clarice Lispector: “eu sou mais forte do que eu. Mulheres que abrem caminhos propiciam os passos de muitas outras. Marchemos juntas! Escolta feminina da Polícia Penal, abrindo caminhos na Capital”.
A Coordenadora de Ensino, Cultura e Pesquisa (CECP) da Polícia Penal. Gisele Angélica Silveira Rodrigues, destacou o trabalho dos docentes no treinamento, “o conhecimento, a paciência, a dedicação, o exemplo e profissionalismo transmitidos ao longo do treinamento pelos docentes foram fundamentais para a formação dessa primeira turma, para que chegasse até aqui pronta para enfrentar os desafios que virão a partir de hoje”.
Sobre as formandas, Gisele ressaltou que “hoje não celebramos somente a formatura da primeira turma de Policiais Penais Femininas do Treinamento Específico de Escolta e Custódia de Presos em Movimentações Externas, mas também a coragem, a determinação e compromisso de cada uma de vocês com a transformação da Polícia Penal. Essa turma é histórica, não apenas pela excelência demonstrada no treinamento, mas pelo simbolismo de quebrar barreiras e abrir portas. Vocês são pioneiras abrindo caminho para outras mulheres. Vocês estão moldando o futuro da Polícia Penal”.
O Diretor-Geral Adjunto, Odirlei Arruda de Lima, relatou o histórico da carreira do antigo guarda de presídio até a atual Policial Penal, passando por alguns estigmas ao surgimento dos grupos especializados como o Grupo de Intervenção Rápida (GIR), assim como a atividade de vigilância externa e escolta de presos. Diante disso, Odirlei propôs que o Coronel Marcello Streifinger, Secretário da SAP, seja o padroeiro da Polícia Penal em razão de seu compromisso, firmado ao senhor Governador do Estado, em criar essa nova instituição.
Às formandas, o Diretor-Geral Adjunto recomendou atuarem com probidade, eficiência, com prestação de contas e sempre agir com legalidade. “Hajam no limite da legalidade, mas esse agir é agir não só como um macro dever, mas um agir também como poder, representando todas as irregularidades que as tomarem conhecimento no exercício da função, porque só assim a gente depura uma polícia que é acabada de nascer, uma polícia que é de Estado e não de governo, uma polícia que vai dar bons frutos para a sociedade, uma polícia que vai ser o orgulho do estado de São Paulo e do Brasil. E isso está nas nossas mãos”, destacou Odirlei.
“As senhoras estão revestidas como policial penal por completo, que podem atuar desde o meio do pavilhão até no seio da sociedade, onde a sociedade realmente vai observar como que essa Polícia Penal atua e vai ser o nosso grande censor. Então, por isso, sempre prestem o melhor serviço de excelência, que as senhoras estão compromissadas e preparadas para oferecer”, recomendou o Diretor-Geral Adjunto.
Fortes e corajosas
O Diretor-Geral da Polícia Penal, Rodrigo Santos Andrade, ressaltou que era um momento histórico a formatura da primeira turma de Policiais Penais femininas no Treinamento Específico de Escolta e Custódia de Presos em Movimentações Externas. Rodrigo destacou que graças ao trabalho realizado pelos Policiais Penais zelando pela segurança dos estabelecimentos penais era possível a realização dessa celebração, de todos estarem presentes na cerimônia em segurança.
Andrade pediu que os docentes do treinamento fossem aplaudidos pelo trabalho realizado com as formandas e afirmou que foi determinação do Coronel Streifinger, Secretário da SAP, que fossem selecionados os melhores docentes para forjarem as Policiais Penais femininas dessa primeira turma.
O Diretor-Geral salientou que o curso e a capacitação especializada, a formação teórica, a prática bem destacada e o apoio institucional do Secretário da Pasta, permitiram, com menos de 100 dias de Polícia Penal, o fortalecimento e o reconhecimento da autoridade da Policial Penal feminina, pois o papel da mulher na escolta e na segurança se funde nas atividades operacionais da Polícia Penal.
Rodrigo deixou uma mensagem de incentivo às formandas com uma paráfrase da Bíblia, no verso seis e capítulo 31 do livro de Deuteronômio: “Sejam fortes e corajosas. Não tenham medo nem fiquem apavoradas por causa deles, pois o Senhor, o seu Deus, vai com vocês; nunca as deixará, nunca as abandonará".
Nova fase
O Secretário da Administração Penitenciária, Coronel Marcello Streifinger, destacou que no futuro será lembrado o pioneirismo dessa primeira turma de policiais penais femininas. Streifinger salientou que para as formandas há o início de uma nova jornada, com os mesmos riscos e desafios, mas de posição invertida.
“As senhoras escolheram uma profissão perigosa, a de policial penal. Lidar com as pessoas que a sociedade não conseguiu manter em convivência, segregar essas pessoas contra a vontade delas e mantê-las por dias, meses, anos é muito complicado. Lidar com elas é muito difícil tanto na questão psicológica quanto na questão física. E agora as senhoras saem do interior dos muros das unidades prisionais para ficar com a mesma área, com as pessoas que tem problemas com a Justiça, só que aqui fora. Por que eu falei que é um outro ângulo? Dentro da unidade prisional a senhora sabe que todo mundo ali tem um outro lado, portanto tem precaução, tem previsão e tem postura para lidar com esse tipo de dificuldade. E aqui fora? As senhoras estão escoltando pessoas presas. A atenção está voltada para o preso que, se tiver oportunidade, irá fugir. E com todo mundo que está em volta. E o que é esse todo mundo? É a quadrilha do preso que vai tentar arrebatá-lo, mas é também a pessoa comum, inocente, que transita sem ter nenhum conhecimento sobre isso”.
Marcello ainda salientou que as formandas, no exercício da escolta, terão um inimigo mortal: a rotina. “Um dia deu certo, 10 dias deram certo, 100 dias deram certo até que acontece alguma coisa”, destacou. O Secretário afirmou que a rotina leva o policial a manter a percepção de lado. O Coronel recomendou que as formandas sempre se mantenham atentas, pois todos saberão quem elas são por causa do uso do fardamento, por isso é importante manter a capacidade de percepção dessa nova realidade e de distinção do joio e do trigo.
Streifinger reforçou que não há limitação alguma da mulher para a atividade policial já que homens e mulheres se complementam na atividade policial. O Secretário destacou que a formatura é histórica, pois marca uma nova fase da Polícia Penal em que homens e mulheres são policiais por completo, realizando as mesmas atividades: “temos 11 mulheres corajosas que serão lembradas por iniciar essa nova fase com a escolta na Polícia Penal”.
Ao final da cerimônia, familiares e convidados cumprimentaram as formandas pela conquista.
Também participaram da celebração o Secretário Executivo da SAP, Coronel Marco Antônio Severo Silva, o Corregedor-Geral da Polícia Penal, Luís Fernando Fávaro, o Coordenador-Geral de Execução Penal, Vanderlei César de Assis, o Coordenador-Geral de Administração Integrada, João Rafael da Cruz Soller, a Coordenadora de Reintegração Social e Cidadania, Carolina Maracajá, o Coordenador de Saúde do Sistema Penitenciário, Alexandre Lazinho Santos, o Coordenador Substituto de Execução Penal da Região Metropolitana de São Paulo, André Luiz Alves, o Coordenador do Grupo de Intervenção Rápida (GIR - 4), Saulo dos Santos Matos, o Chefe do Departamento de Segurança Penal, Paulo de Lima Cordeiro, o Chefe de Divisão Regional de Segurança Externa, Hamilton Fonseca, além dos chefes de departamentos de Complexo Penais e estabelecimentos penais da Região Metropolitana de São Paulo.